Sons de São Paulo: a diversidade musical da grande cidade

Carolina keyko
18 de abr. de 2017
3 min de leitura

"A música é o tipo de arte mais perfeita: nunca revela o seu último segredo." Oscar Wilde

A música no Brasil nasceu graças à fusão de elementos dos ritos indígenas e dos ritmos vindos da Europa e da África. Como sabemos, o país é uma sopa de letrinhas, uma mistureba de culturas, tradições, músicas e etc.

São Paulo, uma das maiores cidades desse país belíssimo, concentra e apresenta a quem passeia por suas ruas uma variedade musical de outro mundo. São tantos sons, ritmos, arranjos e vozes que surpreende. Basta dar uma voltinha pela Avenida Paulista, o centro velho da cidade, as zonas boêmias como Vila Madalena ou no cruzamento da Ipiranga com a São João.

Thomas Sampaio, 20, músico e estudante de jornalismo, conta que em toda sua diversidade, a música faz parte da vida. "Sempre ouvi muita música na minha casa, tocava-se muito samba, MPB e aquilo foi incutido na minha mente. A música sempre fez parte do meu dia e não sei nem como é viver sem isso”, comenta.

A composição harmônica da cidade vai do samba ao rock, do soul ao jazz, do sertanejo ao funk. Ouvimos violinos, flautas, guitarras, violões. Aqui têm vozes que vão de um Caetano Veloso a um Mano Brown. Com uma grande influência desses grandes nomes, Gabriel de Souza Santos, 22, é um rapper da zona sul da capital e acredita que a música tem o poder de “falar coisas que você talvez não tenha comentando com ninguém e mostra como nos sentimos”. Participava do Projeto Guri, onde aprendeu a tocar trompete e, aos 10 anos, começou a colocar no papel seus primeiros versos.

Ainda, segundo ele, a música tem uma grande poder na vida de todos. “Escolhi o Rap, pois a criminalidade, a desigualdade e o sofrimento na periferia são nítidas de mais”. Ele conta também que esse foi o estilo que mais se identificou dentro do campo musical.

Thomas também participou de projetos sociais ligados ao universo musical. “Desde os 7 anos eu fazia teatro e participava da ONG Meninos do Morumbi, onde tive meu primeiro contato com música, fazia aula de percussão lá. Sempre fui ligado ao campo das artes, sempre gostei de escrever, depois de um tempo fiz aula de baixo acústico em um projeto de música clássica, onde fiquei dois anos”, atualmente ele toca na Jubarte, uma banda que toca rock progressivo à brasileira. "É meio difícil definir o som que fazemos, por temos influências de rock, MPB, samba, forró e tudo mais que acharmos que devemos colocar, a banda experimenta bastante e tem um som bem original, tocamos algo nosso e acho que seria ótimo continuar assim”. Segundo ele, sem rotular o que praticam.

Referências estrangeiras também estão bastante presentes. Em muitos fones é possível ouvir a inconfundível voz de Chuck Berry, o assovio de Axl Rose, ou até mesmo vozes de tenores como Pavarotti.

Na visão de Thomas, “a influência é algo do qual não se pode fugir, ainda mais em algo tão sensorial quanto a música. Tudo que está a nossa volta nos influencia, tudo pode mudar a forma como vemos as coisas, tratamos as pessoas, procedemos nossas ações”.

Marcada por seu aspecto urbano, a cidade se renova cada vez mais musicalmente, abraçando os diversos ritmos oriundos do Oiapoque ao Chuí. São Paulo também é um dos principais centros de música erudita do Brasil, e é local de nascimento de compositores internacionalmente reconhecidos como Osvaldo Lacerda e Amaral Vieira. Torna-se palco em várias partes do ano para apresentações de concertos e óperas em suas diversas salas, como a Sala São Paulo, o Theatro Municipal de São Paulo, o Teatro São Pedro e o Teatro Alfa.

A música em São Paulo também fala sobre política. No início dos anos 1980, a banda Ultraje a Rigor surgiu na cidade, com um estilo simples e irreverente dentro do rock nacional. As letras representavam as mudanças na sociedade e na cultura. Muito humor também emana das cordas vocais, como a banda Língua de Trapo e os inesquecíveis Mamonas Assassinas, pois quem não curte o Vira – Vira?!?!

Como diria um dos maiores compositores de todos os tempos, “a música é o vinculo que une a vida do espirito à vida dos sentidos. A melodia é a vida sensível da poesia” - Ludwig van Beethoven.